Por que eu? Como lidar com o desemprego e o que pode ajudar você a se recolocar
Por que eu? Como lidar com o desemprego e o que pode ajudar você a se recolocar

Uns dos meus ex-chefes, após muitos anos trabalhando e se dedicando para aquela empresa, foi demitido. Ninguém esperava, tampouco ele.

Não deixaram que ele salvasse as fotos que guardava em uma pasta do seu computador de momentos registrados com o time durante anos. Imediatamente após o anúncio do desligamento, seus acessos estavam bloqueados e ele precisava se retirar, imediatamente. Mal pudemos nos despedir.

Assim que soubemos, o silêncio dominou a sala. Não esperávamos. Ele, muito menos e por isso sentiu como se o chão tivesse se aberto diante dos seus pés, uma rasteira. Começava ali, a luta para se reerguer, superar e seguir em frente. Mas como?

Eu nunca havia presenciado nada parecido, não sabia o que dizer, como reagir, mas uma coisa eu tinha certeza. Independente das razões que causaram o desligamento, este poderia ser um trauma com potencial para afetar a sua saúde emocional e mental.

Dito e feito. Na busca por sua recolocação, alguns colegas das consultorias de RH da cidade começaram a nos contar o quanto ele estava cabisbaixo, desmotivado e nitidamente abalado emocionalmente a cada vez que comparecia para uma entrevista. Ele teria dificuldade de recomeçar se não superasse esta adversidade. Quem contrataria um profissional abatido?

A consequência da demissão

Um processo de demissão gera dentre outras, uma emoção muito difícil de lidar: a rejeição que vem acompanhada de culpa, raiva, medo, insegurança, desespero, desânimo. Há tentativas frustradas de entender o que aconteceu, no que errou, como poderia ter evitado e as conclusões são pouco animadoras, na maior parte das vezes. A pergunta: “por que eu” fica martelando na cabeça de modo bem insistente e angustiante.

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Começa o caminho da recolocação que é cheio de frustrações, tentativas fracassadas, preocupações. Mas também pode ser de aprendizados.

Você encara de acordo com estado da sua saúde mental e emocional.

Já ouvi muito que o perfil frio, calculista, que não demostra emoções é o mais adequado para o ambiente de trabalho. “Engole o choro” certamente é o que muitos pensam quando chorar parece ser a imediata e melhor forma de se expressar não só no ambiente de trabalho como em qualquer situação que te faça se sentir inseguro, com medo, triste, decepcionado.

Vale ressaltar que não somos um robô, como somos constantemente lembrados pelo reCaptcha.

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 E como nos permitir sentir nossas emoções após um desligamento se culturalmente engolir o choro, parecer forte, é o que tem valor no mercado de trabalho?

Se permitir sentir a dor e processar um desligamento faz parte e é necessário para superá-lo. Não se deixar abater e dar a volta por cima em uma versão ainda melhor requer dois fatores importantíssimos: saúde mental e emocional.

Precisamos falar de saúde mental e emocional

A saúde emocional, segundo a reportagem da jornalista Amanda Figueira, diz respeito à percepção de si próprio por meio da autoestima. Quando está saudável, você reconhece suas emoções (raiva, medo, alegria), mantendo seu equilíbrio e comportamento controlados em situações desgastantes do dia a dia. Já a saúde mental que está atrelada à saúde emocional, está conectada ao bem-estar psíquico, que se em desequilíbrio, abre precedentes para o desenvolvimento de transtornos como depressão, síndrome do pânico, bipolaridade, estresse pós-traumático, síndrome de Burnout.

As duas são co-dependentes: precisam estar em sintonia para que sinta as pancadas da vida e supere-as.

Joni Galvão brilhantemente nos lembra em seu livro Super-Histórias no universo corporativo, que não existem seres humanos essencialmente racionais. Independente do cargo que ocupam, as pessoas têm sentimentos e mesmo que não externem esses sentimentos, submetem as informações que recebem a um filtro emocional. Uma notícia ruim gera uma série de sentimentos, que podem transitar entre incômodos, desconfortos, medo e raiva. O estímulo é racional, mas a reação ao estímulo é emocional.

Se a sua saúde emocional está prejudicada, você fica preso em um padrão de pensamentos negativos durante a maior parte do tempo e abre precedentes para que isto afete sua saúde mental.

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Problemas de saúde mental têm se tornado cada vez mais comuns em todo o mundo, segundo a revista Veja. A reportagem menciona que a ansiedade, por exemplo, atinge mais de 260 milhões de pessoas. Aliás, o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E não para por aí. Novos dados mostram que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão.  

O fato é que a vida é feita de bons e mals momentos, o tempo todo. O segredo é continuar caminhando. Mas como?

Como continuar caminhando

Quero trazer aqui os estágios das adversidades, segundo Erik Weihenmayer em seu livro As vantagens da Adversidade – Como transportar as batalhas do dia-a-dia em crescimento pessoal, para que possam se reconhecer seu comportamento em cada uma delas e possam sempre buscar o próximo nível rumo a superação:

Estágio 1: Negar e evitar a adversidade.

Estágio 2: Sobreviver à adversidade. O foco é se manter em pé mas não há nenhuma ação.

Estágio 3: Resistir à adversidade. Reclamar, se vitimizar, culpar o outro.

Estágio 4: Administrar a adversidade. Identifica os aspectos positivos e minimiza os aspectos negativo.

Estágio 5: Domina a adversidade. Usa a adversidade para tirar vantagem a próprio favor.

Ou seja, após a demissão, é comum evitá-la, reclamar, procurar um culpado, mas o foco é sempre alcançar o último estágio: dominar a adversidade. Reconhecer estes estágios pode contribuir para que avance rumo ao recomeço e com sua saúde mental e emocional. 

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Nem sempre, a volta por cima é possível ser dada sem apoio. Se isolar, pode por um longo tempo, pode não ser uma boa ideia. Então faça atividades físicas, conte com sua família, amigos ou com a ajuda profissional de um psicólogo.

Quanto melhor estiver sua saúde emocional e mental, mais rápido você dominará as adversidades e estará pronto (a) para seu recomeço.

Pense em alguma situação angustiante que já tenha vivido e superado anteriormente. Com certeza, em meio a situação, parecia não haver saída, mas com o passar do tempo e atitudes tomadas, é possível enxergá-la de outra forma. Não tenho dúvida que é possível superar uma demissão e ainda se fortalecer.

Compartilho, inspirada nos conselhos que recebi em uma aula sobre Resiliência recentemente em um curso, as atitudes que podem contribuir para que avance e supere não só uma demissão, mas qualquer adversidade imposta pela vida:

  1. Encare os fatos de frente, veja a situação tal como ela é, acolha e compreenda seus sentimentos;
  2. Busque sentido, identifique metas que possam ser traçadas e aja rumo a elas ao invés de alimentar uma mentalidade de vitimização;
  3. Faça o melhor que puder com os recursos que tem: faça cursos, networking, repense possibilidades e agarre as oportunidades;
  4. Procure ajuda profissional, se necessário.
  5. Superar e reerguer-se emocionalmente após uma demissão tem impacto direto no sucesso da sua recolocação profissional.

Às vezes, a demissão, pode ser a melhor coisa te aconteça. Basta olhar com outros olhos.

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